segunda-feira, 10 de julho de 2017

O Poderoso Chefão (The GodFather) - Breve análise do clássico

Filmes Análise
Por Fábio Alves


O Poderoso Chefão (The GodFather) é uma obra prima cinematográfica lançada em 1972 e se tornou um clássico instantâneo ao trazer para as telas tudo de mais primoroso no cinema, desde a narrativa, montagem, trilha sonora, uma produção impecável e acima de tudo uma perfeição em roteiro adaptado. Mario Puzo lançou o livro "The GodFather" com enorme sucesso e o estúdio Paramount prontamente adquiriu os direitos para adaptação ao cinema. Francis Ford Coppola foi contratado como diretor porém teve grande embate com o estúdio para ter liberdade criativa sobre o filme, e por ter origens ítalo americana, sabia muito bem com o que estava lidando. Assim o filme conhecido hoje é uma proeza técnica e narrativa em grande parte pela liberdade que o diretor teve, algo que sempre deveria ser de praxe mas os estúdios insistem até hoje em interferir.




Para quem não conhece a trama, O Poderoso Chefão é a primeira parte de uma trilogia que mostra a saga da família Corleone no submundo do crime, estabelecendo a Máfia ou Cosa Nostra nos EUA e o processo de sucessão do poder aos herdeiros da família para manter os negócios. Cabe observar que Coppola não julga as ações dos protagonistas nesse universo, apenas demonstrou uma realidade que vinha ocorrendo desde os anos 20 com Al Capone (Lei Seca e contrabando de bebidas) e a ascensão das famílias italianas entre os anos 30 e 50. Ao mesmo tempo que demonstra o status e poder paralelo, onde tinham juizes é até senadores nas mãos, desconstrói esse mito com grandes consequências de suas ações como suas próprias famílias destruídas, traições e violência.


Considerado uma das maiores trilogias do cinema, The GodFather foi lançado em 1972, The GodFather: Part II foi lançado em 1974 e The GodFather: Part III só foi lançado em 1990. Os dois primeiros filmes foram agraciados merecidamente com Oscar de melhor filme e roteiro adaptado para Coppola entre outros. O terceiro ainda é considerado um ótimo filme mas um pouco abaixo dos dois primeiros, tendo sido indicado também como melhor filme e direção e outras cinco categorias.



Marlon Brando como Vito Corleone
Mas um dos grandes destaques para todos os três filmes foi a escolha perfeita de seus atores. O primeiro filme é todo de Marlon Brando (Vito Corleone), com uma atuação impecável e marcante, talvez umas das melhores do cinema. Seus trejeitos, como um respeitado e temível chefe de familia mafiosa, é lembrado até hoje como um exemplo de construção de personagem, onde era sempre sereno, com voz baixa e até mesmo carismático. 


Al Pacino como Michael Corleone 
Mas a trilogia é uma história de passagem de poder e o verdadeiro protagonista é interpretado corretamente por Al Pacino (Michael Corleone). É por ele que o espectador segue a trama onde interpreta um veterano de guerra que age como se não fizesse parte dos negócios. Mas com os problemas de saúde do chefão, é inserido no cerne da família para proteger os negócios e seu pai, que segue ameaças de morte de outras famílias rivais.




Com o segundo filme, é Al Pacino que domina, trazendo toda carga dramática característica do ator, onde ao meu ver merecia ter ganhado Oscar de melhor ator. O filme ganha um maior escopo, onde estabelece o poder da família em diversos negócios (de contrabando à cassinos sofisticados) indo até mesmo em Cuba durante o período da revolução. Mas também traz um flashback da vinda de Vito Corleone (Robert de Niro) à América e suas primeiras relações com o crime. Também um clássico perfeito, é um exemplo de sequência, e as histórias de traição e a relação de Michael Corleone com um irmão são o grande destaque.




Robert de Niro como o jovem Vito







O terceiro filme veio aumentar ainda mais esse escopo inserido tramas reais a narrativa, como a relação da máfia com a igreja católica (morte súbita do Papa João Paulo I (1978) e o escândalo do Banco Ambrosiano (1981-1982). E mais uma vez a trama lidando com grandes traições e a passagem de poder de Michael Corleone, que esta cansado dos negócios, para Vincent Mancini (Andy Garcia), seu sobrinho violento. Destaque para um final estarrecedor e dramático tanto para o filme como para a trilogia. 






Andy Garcia como Vicent Mancini








Destaco ainda em toda a trilogia o papel de Diane Keaton (Katherine Adams) onde era uma mulher que se destacava nesse universo totalmente masculino e a trilha sonora espetacular e marcante composta por Nino Rota e Carmine Coppola. E recentemente em listas mais atuais, O Poderoso Chefão tem surgido como o melhor filme da história do cinema superando clássicos absolutos como Cidadão Kane, Casa Blanca, etc.



Elenco reunido 45 anos depois
O Festival de cinema de Tribeca (EUA) reuniu, no início de 2017, integrantes do elenco de O Poderoso Chefão. Participaram do encontro Robert de Niro, Al Pacino, Robert Duvall, James Caan, Diane Keaton, Talia Shire e o diretor Francis Ford Coppola. Organizado por Robert de Niro, relembrou histórias da produção da trilogia, iniciada há 45 anos. Caprichadamente o local foi decorado como a famosa biblioteca de Don Corleone, tendo uma foto do personagem vivido por Marlon Brando na parede. O elenco relembrou a luta para produzir o filme e lança-lo, pois Coppola era um diretor novato à época e Al Pacino, que só tinha experiência com teatro, não era aceito pela Paramount.


Nenhum comentário:

Postar um comentário